
O 1:1 estratégico se consolida como uma ferramenta essencial para fortalecer vínculos, promover o desenvolvimento individual e garantir que cada pessoa esteja contribuindo com propósito para os objetivos da equipe e da organização. No entanto, apesar da importância, é comum que líderes abordem essas reuniões de forma apressada, sem estratégia clara, tratando-as como apenas mais um item da agenda. O resultado? Conversas superficiais, oportunidades perdidas e colaboradores desmotivados.
De acordo com um estudo da Gallup, 70% da variação no engajamento dos times está diretamente ligada à qualidade da liderança. E é justamente nas reuniões 1:1 que líderes têm a oportunidade de personalizar o engajamento, alinhar expectativas, oferecer apoio e construir confiança com base em feedbacks contínuos.
Este guia vai te mostrar como transformar essas conversas em um instrumento poderoso de gestão. Vamos abordar os benefícios e desafios de conduzir 1:1s eficazes, apresentar uma estrutura prática que você pode adaptar à sua realidade e compartilhar princípios para aumentar o engajamento, a produtividade e o senso de pertencimento do seu time tech. Confira!
O que é um 1:1 estratégico e como ele se diferencia de um alinhamento comum?
No contexto dinâmico da liderança tech, com prazos apertados, mudança de escopo do projeto e surgimento de novas tecnologias e features, o 1:1 estratégico, também chamado muitas vezes de growth conversation (conversas para o crescimento), é uma ferramenta essencial para estabelecer confiança e progresso entre líderes e liderados. Por quê?
Bem, esse instrumento de gestão vai além do simples check-in sobre tarefas e status de projetos. Trata-se de um espaço estruturado, recorrente e intencional, voltado a alinhar prioridades, remover obstáculos sistêmicos, desenvolver talentos e garantir que cada membro da equipe esteja contribuindo com clareza e propósito para os objetivos estratégicos da área e da organização.
Diferente das reuniões operacionais – que costumam tratar de prazos, entregas e incidentes –, o 1:1 estratégico é uma pausa para pensar o que realmente está movendo o time na direção certa. É o momento de sair do modo “execução” e entrar no modo “impacto”: revisar o alinhamento com a visão do negócio, identificar pontos de atrito que exigem intervenção gerencial, discutir o desenvolvimento de competências críticas e, sobretudo, fortalecer o vínculo com cada profissional.
Como o 1:1 estratégico impacta na performance e engajamento dos times de TI
De acordo com uma pesquisa da Monster, 93% dos funcionários afirmaram desejar um novo emprego — um dado que revela não apenas um desejo de mudança, mas também um alto nível de insatisfação no ambiente de trabalho. E o mais é que grande parte desses potenciais desligamentos podem ser resolvidos com conversa e diálogo entre líderes e liderados, segundo o levantamento.
É nesse contexto que o 1:1 estratégico se mostra essencial. Mais do que uma reunião, ele é uma ferramenta contínua de escuta ativa e correção de rota. Quando bem estruturado, o 1:1 funciona como uma ferramenta de retenção, permitindo que o gestor compreenda, em conversas recorrentes, o que realmente importa para cada colaborador — o que o motiva a permanecer e o que pode levá-lo a sair. Vejamos essas e outras vantagens de adotar a Growth Conversation.
Para os colaboradores tech
O 1:1 estratégico fortalece o sentimento de pertencimento e propósito, ao mostrar que suas contribuições são reconhecidas e alinhadas à missão da empresa. Também oferece espaço para discutir metas de carreira, desenvolver habilidades e receber feedback contínuo. Além disso, aumenta a segurança psicológica, permitindo que o colaborador saiba o que se espera dele e tenha um canal seguro para tratar de desafios e preocupações.
Para os gestores
Esses encontros são uma ferramenta de gestão antecipada, permitindo identificar problemas antes que se agravem. Funcionam também como entrevistas de permanência recorrentes, ajudando a entender o que motiva ou desengaja a equipe. E, ao investir tempo no desenvolvimento individual, os líderes conseguem formar profissionais com maior potencial estratégico.
Para a empresa
Os 1:1s impulsionam o engajamento, ao promover conversas significativas e maior alinhamento entre os objetivos individuais e os da organização. Contribuem para uma cultura mais transparente, reduzem ruídos de comunicação e criam um ambiente propício à retenção de talentos e à construção de equipes de alta performance.
Como estruturar a growth conversation?
Para estruturar um 1:1 estratégico realmente útil para líderes de TI e seus liderados, é importante pensar na jornada da reunião como um processo com três momentos distintos: antes, durante e depois. Cada etapa exige intenção, preparo e alinhamento — principalmente em um cenário técnico onde o tempo é escasso e as entregas são exigentes. A seguir, explicamos como conduzir cada uma dessas fases de maneira prática e eficaz:
Antes do 1:1: Planejamento com foco
Agende a Growth Conversation em um horário que não conflite com reuniões intensas ou entregas críticas. Deixe claro que esse é um espaço para alinhamento, desenvolvimento e troca — não microgerenciamento.
Compartilhe uma pauta base e incentive o colaborador a trazer tópicos próprios, incluindo desafios técnicos ou metas de carreira..
Durante o 1:1: Escuta ativa e alinhamento
Comece quebrando o gelo: celebre uma entrega ou pergunte algo pessoal — conexão importa. Entre nos tópicos com foco em projetos, gargalos, entregas e prioridades. Dê feedback claro e específico, com base em dados e comportamento observável.
Evite transformar o encontro em um monólogo. Use o tempo para destravar o que estiver travando e ouvir sugestões. Peça feedback sobre sua liderança. Isso mostra maturidade e fortalece a confiança.
Depois do 1:1: Registro e continuidade
Feche a reunião com um breve resumo das decisões e ações combinadas. Se possível, peça para o liderado repetir os próximos passos.
Anote tudo e use as informações no próximo 1:1 para dar continuidade e mostrar consistência.
Exemplos práticos de perguntas para o 1:1 estratégico
Uma boa reunião 1:1 vai muito além de perguntar se está tudo indo bem. Quando há estrutura e intenção por trás das perguntas, criamos espaço para conversas mais ricas, que revelam desafios reais, oportunidades de melhoria e pontos de crescimento — tanto técnicos quanto comportamentais.
A seguir, veja exemplos práticos de perguntas que você pode usar em diferentes tipos de 1:1. Use-as como base, adapte ao seu estilo e incentive que o colaborador também traga tópicos. Esse coautorismo transforma a reunião em uma ferramenta de evolução constante.
Check-ins recorrentes
- Como você está? Como foi a última semana/mês?
- Sobre o que você gostaria de conversar hoje?
- Do que você se orgulha? Há algo que está te bloqueando?
- Você precisa de algum apoio? Como posso te ajudar?
- Há algo mais que você gostaria de trazer para essa conversa?
Primeiro 1:1 com alguém novo no time
- O que te atraiu para essa função e para a empresa?
- Quais são suas aspirações, tanto profissionais quanto pessoais?
- O que te dá energia e o que costuma te drenar no dia a dia?
- O que você espera de mim como líder?
- Tem algo que gostaria de compartilhar hoje que ainda não falamos?
Definição de metas
- Como você avalia seus objetivos anteriores? O que funcionou bem
- Quais são as prioridades atuais da empresa e como elas impactam seu trabalho?
- Há metas de desenvolvimento pessoal que você quer incluir agora?
- O que seria sucesso para você nos próximos 90 dias?
- Vamos alinhar os próximos passos?
Como usar dados sem transformar o encontro em uma cobrança?
Usar dados em reuniões de 1:1 estratégicas é essencial para tomadas de decisão mais embasadas, mas é importante que isso não transforme o encontro em uma sessão de solicitações e demandas. O objetivo é utilizar indicadores como KPIs, entregas e avaliações como ponto de partida para uma conversa de crescimento, e não como ferramentas de vigilância.
Antes da reunião, o líder deve definir objetivos claros: o que se quer destravar, acelerar ou melhorar? A seleção dos dados também deve ser criteriosa, focando apenas naqueles que têm relação direta com as metas do time ou do profissional. Além disso, é importante trazer contexto para os números — não apenas apresentar gráficos ou métricas soltas, mas mostrar o que eles indicam em termos de padrões, gargalos ou oportunidades de melhoria.
Durante a conversa, os dados devem ser apresentados como insumo. Por exemplo, em vez de dizer “os resultados estão baixos”, o líder pode convidar para uma análise conjunta: “Esses números nos dizem algo importante. O que você acha que está acontecendo aqui?”. A ideia é gerar uma troca de percepções que leve a pequenos planos de ação.
Após a reunião, os acordos precisam ser registrados com clareza — quem fará o quê e até quando — mas o acompanhamento deve ser feito com equilíbrio. A evolução deve ser monitorada com foco em aprendizado e apoio, e não em microgestão.Esperamos que esse conteúdo te ajude na condução dos trabalhos do dia a dia da sua equipe tech. Para outras dicas, recomendamos a leitura do artigo Liderança centrada no ser humano: um novo olhar para C-Levels.