A maioria das pessoas passa ou passará por períodos estressantes e desafiadores em suas carreiras. É o deadline de um projeto que foi encurtado, um bug no sistema que atrasou as entregas ou até uma negociação mais acirrada com um cliente. Mas e quando esse estresse se torna de longo prazo? Neste acaso, o fenômeno é conhecido como burnout.
Burnout pode acontecer com qualquer pessoa exposta rotineiramente a altos níveis de estresse, seja relacionado ao trabalho ou não. Pode causar sintomas de exaustão, depressão e isolamento. E nos últimos anos há um incrível aumento de casos dessas manifestações.
Uma pesquisa, conduzida em 2022 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mostrou que todo desgaste emocional causado durante a pandemia, seja pelo isolamento social, pelas perdas ou pelos estímulos às notícias pouco agradáveis, fez com que as doenças mentais aumentassem em 25% no mundo.
E isso se refletiu no aumento de casos de burnout. Um estudo revelou que 32% da população economicamente ativa no Brasil sofre de sintomas dessa doença mental. Em outras palavras, quase 1 a cada 3 brasileiros que estão no mercado de trabalho estão sentindo na pela o esgotamento mental.
E quando sua mente e seu corpo se sentem sobrecarregados por um período significativo de tempo, sua saúde e bem-estar geral sofrem. A pergunta que fica é: como reagir a isso? O que as organizações podem fazer para evitar o burnout nas pessoas? E como os profissionais podem se recuperar do esgotamento e retomar sua rotina?
Estas são algumas das perguntas que tentaremos responder ao longo deste artigo. Acompanhe!
O que é Burnout
O burnout, palavra em inglês que no português pode ser traduzido como esgotamento, é um estado de exaustão mental e física. É como se a memória RAM do cérebro chegasse ao limite, bugando todo sistema de processamento de informações da pessoa.
Apesar de muitos sentirem na pele as consequências dessa doença há anos, foi só em 2019, que o burnout foi classificado pela OMS como um “fenômeno ocupacional”. Para a Organização Mundial da Saúde, o burnout é o resultado do “estresse crônico no local de trabalho” e pode levar ao esgotamento ou exaustão de energia, aumento da distância mental do trabalho, sentimentos de negativismo ou cinismo relacionados ao trabalho e redução da eficácia profissional.
Embora a doença tenha essa conotação de “patologia relacionada ao ambiente de trabalho”, nem todo paciente diagnosticado com burnout foi exposto necessariamente a situações corporativas estressantes. Há outras circunstâncias que podem levar as pessoas a um esgotamento mental tais como cuidar de um familiar doente, lidar com a jornada tripla (casa/família/trabalho), testemunhar notícias perturbadoras e até problemas no aprendizado.
Diferença entre burnout e estresse
Você deve estar se perguntando, mas qual é a real diferença entre o estresse e o burnout?
A linha entre estresse e esgotamento mental realmente é muito tênue, muitas vezes é difícil ver onde termina um e começa o outro. Não por acaso há sempre essa confusão de diagnósticos para quem não é especialista no tema.
Mas simplificando, para não errar, o burnout é um acúmulo de estresse descontrolado durante um período de tempo. Já o estresse, geralmente é situacional, está ligado a um contexto específico com começo, meio e fim.
Pense no burnout como o irmão maior, mais cruel e mais velho do estresse. Se os sintomas de estresse não forem bem cuidados podem crescer e se tornar esse irmão mais velho malvado e mais difícil de ajustar o comportamento, por assim dizer.
E quais são os sintomas dessas doenças? Os sintomas físicos que podem indicar uma das duas doenças são:
- dores de cabeça;
- mudanças nos padrões de sono;
- dores e dores no corpo;
- fadiga;
- palpitações cardíacas;
- falta de ar;
- prisão de ventre ou diarreia;
- tensão muscular;
- disfunção sexual;
- baixo desejo sexual;
- sistema imunológico enfraquecido;
E os efeitos emocionais e mentais das duas patologias podem ainda incluir:
- ansiedade;
- depressão;
- falta de motivação;
- irritabilidade;
- problemas de concentração;
- dificuldade em aprender;
- esquecimento;
- crises de choro;
- controle de baixo impulso;
Se você tem a maioria dos sintomas citados, o ideal é procurar uma pessoa especialista em doenças mentais para iniciar imediatamente o tratamento.
Mas como saber se o que você está sentindo é um estresse crônico ou simplesmente um esgotamento mental? Segundo estudos, o burnout apresenta especificamente os seguintes sintomas:
- exaustão geral ou fadiga;
- falta de motivação;
- sentido de realização reduzido;
- irritabilidade;
- redução da capacidade de concentração;
- sentir-se sobrecarregado
Como prevenir o esgotamento mental de seus times?
Com tantas atividades na rotina profissional, dentro e fora do ambiente de trabalho, é possível prevenir o burnout? Os especialistas afirmam que sim. Para eles, é preciso uma força-tarefa tanto dos profissionais quanto das empresas para efetivamente impedir o esgotamento mental dos times.
A seguir indicamos algumas dicas de como as empresas devem lidar com a questão e como os profissionais podem evitar bugar suas mentes.
Ações corporativas
Os custos do burnout para as empresas vão além dos gastos médicos e afastamento dos colaboradores. Só para se ter uma ideia, a OMS acredita que mundialmente perdemos cerca de um trilhão de dólares em produtividade a cada ano como resultado desse esgotamento mental.
Portanto, estabelecer medidas para evitar essa doença no ambiente de trabalho não é só uma questão de saúde pública, mas também saúde financeira das organizações.
Dito isto, vamos a algumas dicas de como a empresa pode ajudar a afastar o burnout de sua força de trabalho:
Incentive o ócio criativo
Estudos comprovam que não fazer atividade alguma, o chamado ócio criativo, ajuda os indivíduos a aliviar o estresse do dia a dia.
Especialistas indicam que esse tempo para “deixar a vida passar sem fazer nada” ajuda em termos de produtividade e criatividade. Mas como as organizações podem ajudar nisso.
Que tal liberar seu colaborador do expediente de trabalho uma hora mais cedo na sexta-feira para ele fazer uma caminhada, contemplar a natureza ou apenas pensar na vida tomando um vinho?
Mas não basta apenas criar o incentivo precisa explicar aos colaboradores o porquê. Eles precisam investir esse tempo para, de fato, não fazer nada.
Crie programas de meditação
A ciência mostrou que praticar meditação é uma maneira poderosa de reduzir o estresse e a ansiedade. Um estudo descobriu que, durante um período de 8 semanas, uma forma de meditação chamada “meditação da atenção plena” reduziu a resposta inflamatória do corpo ao estresse.
Portanto, um bom caminho para evitar o burnout é investindo em programas de meditação guiada durante os intervalos no trabalho.
Eduque seus colaboradores sobre exercícios de respiração
A prática da respiração profunda tem sido associada ao aumento do conforto, relaxamento, prazer, vigor e estado de alerta. Além disso, pode reduzir os sintomas de ansiedade, depressão, raiva e confusão.
Ensine aos funcionários exercícios respiratórios simples que eles podem fazer em suas mesas para reduzir o estresse e melhorar o foco. Algumas técnicas que você pode compartilhar incluem respiração profunda, respiração quadrada ou respiração com narinas alternadas.
Crie um Clube da Leitura
Que tal promover um Clube da Leitura na sua organização? Como assim, porque isso ajudaria a prever o esgotamento mental?
Saiba que a leitura tem muitos benefícios comprovados cientificamente tais como:
- fortalece seu cérebro;
- melhora seu vocabulário;
- reduz o estresse;
- previne o declínio cognitivo relacionado à idade
Ações individuais
Não basta a empresa fazer a parte dela, o funcionário também precisa colocar algumas atividades em práticas para afastar o esgotamento mental, tais como:
Exercitar-se
O exercício não só é bom para nossa saúde física, mas também pode nos dar um impulso emocional.
Você não precisa passar horas na academia para colher esses benefícios. Mini-exercícios e caminhadas curtas são maneiras convenientes de tornar o exercício um hábito diário.
Tenha uma dieta balanceada
Ter uma dieta saudável e cheia de ácidos graxos, vitamina A, aminoácidos e ômega-3 pode ser um antidepressivo natural. Por quê?
Consumir esses alimentos pode ser um remédio natural para a ansiedade, porque são importantes para os neurotransmissores sintetizarem e equilibrarem o humor e a resposta ao estresse.
Experimente, portanto, adicionar alimentos como cenoura, mamão, nozes, vegetais de folhas verdes na sua dieta diária!
Pratique bons hábitos de sono
Assim como um computador precisa ser desligado eventualmente para sua melhor performance, o mesmo é válido para o nosso corpo. Ele precisa de tempo para descansar e reiniciar, e é por isso que hábitos saudáveis de sono são essenciais para o nosso bem-estar.
Evitar a cafeína antes de dormir, estabelecer um ritual relaxante para dormir e banir os smartphones do quarto pode ajudar a promover uma boa noite de sono.
Peça por ajuda
Em tempos estressantes, é importante pedir ajuda. Isso mesmo, por mais difícil que seja pedir uma mãozinha para outra pessoa esse gesto é primordial para sua saúde mental.
O exercício não só é bom para nossa saúde física, mas também pode nos dar um impulso emocional.
Você não precisa passar horas na academia para colher esses benefícios. Mini-exercícios e caminhadas curtas são maneiras convenientes de tornar o exercício um hábito diário.
Como se recuperar do burnout?
Apesar da sensação de descontrole, de que chegamos ao abismo quando diagnosticados com burnout, a recuperação é possível. Embora não haja uma solução rápida para o esgotamento mental, existem muitas maneiras de aliviar os níveis de estresse. Como?
Comece com pequenas ações diárias para equilibrar o tempo gasto no trabalho e o tempo gasto em atividades não relacionadas a ele. Por exemplo, use parte de seu tempo livre para reduzir o tempo gasto em exposições às telas (computador, TV e smartphone) e adote uma atividade mais saudável como ler um livro ou fazer uma atividade física.
Quer mais algumas dicas para se livrar de vez do esgotamento mental? Aqui estão mais 7 maneiras diferentes sobre como se recuperar do esgotamento que você pode incorporar facilmente à sua rotina diária:
- Procure ajuda profissional — não tenha vergonha em procurar ajuda de um psicólogo ou um terapeuta. Saiba que a terapia reduz drasticamente os níveis de estresse e pode facilitar a cura do burnout e promover mais bem-estar emocional.
- Identifique seus estressores — saber quais são seus gatilhos de estresse permitirá que você evite ou reduza as interações com eles.
- Construa uma rede de apoio — ser capaz de discutir suas lutas com o burnout em um ambiente seguro ajudará a aliviar o estresse. Não tenha medo de confiar nos outros para obter apoio, sejam esses relacionamentos pessoais ou profissionais.
- Faça exercícios suficientes — implemente uma rotina regular de exercícios. Mover seu corpo liberará a tensão que ele mantém enquanto produz hormônios do bem-estar, como endorfinas.
- Fale abertamente sobre suas emoções — ser honesto sobre sua situação com colegas e lideranças pode resultar em uma carga de trabalho reduzida e impedir que você trabalhe muitas horas. Não tenha medo de ter esse diálogo para criar mudanças que possam atender melhor às suas necessidades mentais e emocionais.
- Aprenda técnicas de gerenciamento de estresse — todo mundo processa o estresse de maneira diferente. Técnicas de gerenciamento de estresse, como respiração consciente, alimentação intuitiva ou natação, só podem ajudar se você tentar, certo?
- Crie um equilíbrio entre vida pessoal e profissional — uma das muitas causas do esgotamento é uma relação desequilibrada com o trabalho. Cultivar um equilíbrio entre vida pessoal e profissional ajudará você a levar uma vida muito mais funcional e livre de estresse.