Liderança por prompts: por que CTOs que dominam o ChatGPT saem na frente

“E se as máquinas pudessem pensar?” Foi com essa pergunta que Alan Turing plantou a semente da inteligência artificial. Ao transformar um dilema filosófico em desafio técnico, ele mostrou que grandes avanços não nascem de respostas prontas, mas das perguntas certas.

No mercado tech, a lógica é idêntica: reagir rápido às tendências, entender o cenário e questionar com profundidade é o que diferencia líderes comuns de líderes visionários. Toda disrupção começa com a capacidade de formular boas perguntas nas horas certas.

Graças ao trabalho iniciado por Turing, agora temos máquinas capazes de amplificar esse processo. Modelos como o ChatGPT, Gemini e Copilot colocam poder de análise, síntese e automação diretamente nas mãos do CTO. O diferencial não está em ter a tecnologia, e sim em saber conduzi-la com prompts estratégicos.

Não à toa, líderes globais já perceberam esse poder. Em entrevista a Fortune Jane Fraser, CEO do Citibank destacou que “no mundo da IA, o acesso à informação virou commodity. O verdadeiro diferencial agora está na habilidade de formular bons prompts.”

O que muda com o uso inteligente de prompts? 

Assim como mostra o estudo The Surprising Power of Questions (O Surpreendente Poder de Questionar), perguntas bem formuladas têm o poder de destravar inovação, melhorar relacionamentos e alinhar equipes. O prompting leva essa lógica a um novo patamar: ao conversar com modelos de IA, cada pergunta pode acelerar decisões, revelar padrões ocultos e gerar alternativas que ampliam a visão do CTO.

Perguntar de forma estruturada não só aprofunda o entendimento do problema, mas também evita desperdício de tempo em análises superficiais. Com prompts bem formulados, atividades que antes consumiam horas, tais como resumir relatórios, mapear riscos ou estruturar roadmaps, podem ser executadas em minutos. Isso libera tempo da liderança para focar no que realmente importa: decisões de impacto e visão de futuro. 

 O CTO que domina essa habilidade transforma as IAs em extensão de sua liderança,  acelerando não só processos, mas a própria capacidade de inovar. Mas vejamos a seguir como fazer as perguntas certas para atingir a maior potencialidade dos prompts. 

Como construir prompts eficazes 

Formular prompts para a IA é como fazer jornalismo de qualidade, não basta ter acesso à informação, é preciso saber perguntar. Para além das perguntas básicas  — o quê? quem? quando? onde? como? por quê?  — um bom jornalista pesquisa, entende o contexto e refina suas perguntas até chegar àquelas que revelam algo novo. O mesmo vale para o CTO na hora de lapidar os prompts que farão diferença nas suas entregas, ele precisará de: 

Clareza no objetivo 

Jornalistas entram em uma entrevista sabendo o que querem extrair, mesmo que o caminho seja flexível. Da mesma forma, um prompt bem construído precisa de foco: “Quais são os riscos da adoção de IA no atendimento?” é muito mais poderoso do que “Fale sobre IA”.

Adaptação ao contexto e à linguagem

Um repórter sabe usar táticas distintas para fazer perguntas técnicas para um cientista e perguntas assertivas para um político. Cada pergunta é moldada pelo perfil do entrevistado. Para CTOs, isso significa escrever prompts que falem a língua do time técnico em alguns momentos, e em outros a linguagem de negócio para stakeholders.

Iteração constante 

Bons jornalistas raramente se contentam com a primeira resposta. Eles fazem perguntas de acompanhamento, exploram nuances, aprofundam. O mesmo acontece com os prompts: é na repetição e no refinamento que surgem os insights realmente valiosos.

Assim como o jornalismo transforma fatos dispersos em narrativas claras e acionáveis, o prompting eficaz transforma dados e possibilidades da IA em decisões práticas, alinhamento estratégico e liderança mais forte. 

Exemplos práticos de prompts para CTOs

Você já sabe o porquê e como criar um prompt, vamos agora passar alguns exemplos práticos de como pedir ajudar da IA, com refinamentos, para algumas de suas dores: escalabilidade, dívida técnica, engajamento de pessoas e fluxo de deploy.

Criação de roadmap com foco em escalabilidade

Eu sou CTO de uma empresa [descreva o setor, ex.: e-commerce B2C] que atualmente lida com [problema específico, ex.: aumento repentino no volume de acessos em campanhas promocionais]. Preciso de um roadmap de 12 semanas com foco em escalabilidade de sistemas. Inclua:

  • Prioridades técnicas semanais;
  • Dependências entre times (engenharia, produto, infraestrutura);
  • Objetivos mensuráveis (ex.: tempo de resposta, uptime);
  • Sugestões de ferramentas ou práticas para suportar crescimento.

Quero que o resultado final seja apresentado em formato de tabela com entregáveis semanais e indicadores de sucesso.

Estratégias para melhorar o engajamento da equipe remota

Eu lidero um time remoto de [ex.: 25 desenvolvedores distribuídos em 3 fusos horários]. O desafio atual é [problema, ex.: baixa interação nas dailies]. Crie uma estratégia detalhada para aumentar o engajamento, incluindo:

  • novos rituais de comunicação assíncrona e síncrona;
  • ações para aumentar senso de pertencimento;
  • táticas de reconhecimento de performance.

Gostaria que o resultado final seja um plano de ação de 8 semanas, com indicadores para acompanhar a evolução do engajamento.

Crie um plano para reduzir dívida técnica do backend

Nosso backend foi construído há [ex.: 6 anos], em [tecnologia ex: Angular], e hoje apresenta [problema, ex.: lentidão em integrações críticas e alto custo de manutenção]. Preciso de um plano de redução da dívida técnica considerando:

  • Diagnóstico das principais áreas problemáticas;
  • Priorização de refatorações de maior impacto;
  • Estratégias para garantir entregas contínuas sem travar o negócio;
  • Projeção de recursos necessários (tempo, pessoas, custos);

Se possível, organize o plano em fases (curto, médio e longo prazo) e entregue em formato de roadmap visual.

Monte um resumo executivo para explicar nosso novo fluxo de deploy

Estamos migrando para [ex.: CI/CD com GitHub Actions + Kubernetes]. Preciso de um resumo executivo, direcionado para [stakeholders de negócio, não técnicos], que explique:

  • O que muda no processo de deploy?
  • Quais benefícios diretos para o negócio (ex.: agilidade, redução de riscos)?
  • Como será medido o sucesso da mudança?
  • Qual é o impacto esperado em velocidade de entrega e confiabilidade?

Quero que o resumo seja em linguagem simples, com no máximo uma página, podendo ser usado em apresentações para diretoria.

Como integrar a IA à rotina da liderança e indicadores

Integrar IA não é criar novos processos, mas plugá-la no fluxo já existente. Em planning, prompts ajudam a organizar o roadmap; em rituais de time, estruturam pautas ou sintetizam discussões. Até em temas mais soft, como engajamento de time ou sinais de burnout, a IA pode gerar insights acionáveis. Como? 

Para garantir que o uso de IA esteja realmente agregando valor à liderança, alguns indicadores podem servir de bússola:

  • Velocidade de decisão: tempo médio entre identificação de um problema e ação tomada;
  • Eficiência operacional: redução de horas gastas em tarefas repetitivas ou relatórios;
  • Volume de ideias testadas: número de experimentos, protótipos ou hipóteses validadas em determinado período;
  • Clareza na comunicação: menos retrabalho e menor necessidade de explicar a mesma coisa em interações com o time ou diretoria;
  • Percepção da equipe: feedback qualitativo sobre se a liderança se tornou mais clara, objetiva e inspiradora com o uso de IA.

O ponto central é que o prompt vira extensão do raciocínio do CTO: acelera análise, reduz noise na comunicação e traz alternativas rápidas para decisões de alto impacto.

Quer saber mais sobre como liderar de forma estratégica, de olho no futuro e com foco em inovação? Baixe hoje mesmo nosso e-book sobre o tema