Digitalizar processos financeiros com mais segurança financeira e cibernética, esses são alguns dos pilares de construção do projeto piloto Drex, a moeda oficial virtual brasileira instituída pelo Banco Central do Brasil (BCB).
Seguindo exemplos de economias que já possuem a moeda virtual oficial, como o “Sand Dollar”, introduzida pelas Bahamas em 2020, com o Drex, o Banco Central do Brasil poderá avaliar a viabilidade e os desafios associados à implementação de uma Central Bank Digital Currency (CDB) em larga escala, bem como identificar possíveis melhorias e ajustes necessários antes da implantação completa do Drex.
Para entender como isso funcionará, neste artigo, vamos abordar o que é exatamente esse projeto de Drex, o que o BCB espera dela e tecnologias envolvidas na criação dessa moeda digital oficial do Brasil. Confira!
O que é o DREX?
Drex é o nome oficial da moeda digital brasileira que passará a ser emitida virtualmente pelo Banco Central do Brasil ainda em 2024, segundo previsões da própria instituição. Mas o que exatamente significa essa sigla? Trata-se de uma abreviação que representa os elementos chave do projeto de moeda digital, cada letra possui um significado específico:
- D: Digital
- R: Real
- E: Eletrônica
- X: Modernidade e Conexão
Portanto, o Drex é uma representação virtual da moeda nacional, o Real, emitida pelo Banco Central do Brasil. A seguir pontuamos as principais características desta moeda digital brasileira:
Classificação como CBDC
O Drex é uma moeda digital emitida pelo Banco Central, seguindo o modelo de CBDC (Central Bank Digital Currency) o que significa que é uma forma de moeda digital oficialmente reconhecida e respaldada pela autoridade monetária do país.
Cotação equivalente ao real físico
A cotação do Drex em relação a outras moedas será a mesma do Real físico atualmente em circulação, mantendo assim a paridade com a moeda nacional, além disso, o Drex pode ser convertido em outras formas de pagamento disponíveis atualmente.
Em outras palavras, um Drex terá o mesmo valor de um Real e ele poderá ser usado, no futuro, em transações comerciais com o PIX, por exemplo.
Distribuição intermediada pelos bancos
A distribuição do Drex para o público será intermediada pelos bancos, que atuarão como agentes facilitadores entre o Banco Central e os usuários finais.
Promessa de maior segurança jurídica e privacidade
O Drex promete oferecer maior segurança jurídica e privacidade no compartilhamento de dados pessoais em comparação com as transações tradicionais. Isso sugere que o sistema de transações e armazenamento de dados do Drex será projetado para garantir a segurança e a proteção da privacidade dos
Qual é o objetivo do Banco Central com a criação do Drex?
Inicialmente, o foco do Drex será em transações de grande porte, proporcionando mais segurança nas operações. No entanto, também será aplicável no varejo, permitindo, por exemplo, a compra de imóveis com pagamento instantâneo.
O Banco Central tem a expectativa de que o Drex se torne tão confiável e amplamente adotado quanto o sistema de pagamentos Pix, que já quebrou recordes de utilização. O Pix registrou 142,4 milhões de transações em um único dia, demonstrando a sua relevância e aceitação pelo público.
O BC aposta também na segurança e confiança nas transações feitas a partir do Drex. Vale a pena ressaltar que as criptomoedas, como o Bitcoin, não possuem garantia de respaldo por instituições governamentais ou autoridades monetárias. Portanto, seus valores são determinados puramente pelo mercado e estão sujeitos a uma série de fatores, incluindo oferta e demanda, eventos geopolíticos, regulamentações governamentais, notícias do setor e sentimentos dos investidores. Isso pode levar a flutuações imprevisíveis e, em alguns casos, a perdas substanciais de valor em um curto espaço de tempo.
Quais as tecnologias por trás do Drex?
Embora nem todos os detalhes sobre as tecnologias por trás do Drex tenham sido divulgados, é possível inferir algumas tecnologias que podem estar envolvidas com base em princípios comuns de moedas digitais e sistemas de pagamento, tais como:
Blockchain e Tecnologia de Registro Distribuído (DLT)
Ao contrário das criptomoedas convencionais, que operam em blockchains públicos e descentralizados, o Drex está sendo construído sobre uma blockchain de permissão controlada pelo Banco Central. O projeto piloto da moeda virtual oficial brasileira utilizará uma plataforma de blockchain baseada no Ethereum, o Hyperledger Besu.
Protocolos de segurança cibernética avançados
Dado o foco na segurança do Drex, é esperado que protocolos de segurança cibernética avançados sejam implementados para proteger a infraestrutura da rede contra ameaças como ataques de hackers e fraudes.
A implementação de medidas de segurança avançadas, incluindo criptografia robusta e monitoramento em tempo real, é fundamental para mitigar ameaças e garantir a integridade da rede.
Algoritmos de consenso
O uso de algoritmos de consenso personalizados é essencial para garantir a validação rápida e segura das transações da moeda virtual. Esses algoritmos são otimizados para minimizar a latência e manter a integridade da rede, permitindo transações quase instantâneas.
Smart Contracts (Contratos Inteligentes):
Provavelmente, o Drex terá por trás o uso da tecnologia de smart contracts, programas auto executáveis que facilitam e automatizam a execução de contratos. Eles podem ser usados para definir regras e condições para transações específicas dentro da rede Drex.
Tecnologias de autenticação e identificação digital
Para garantir a segurança e a conformidade regulatória, é provável que o Drex incorpore tecnologias de autenticação e identificação digital, como biometria, autenticação de dois fatores (2FA) ou sistemas de identificação digital baseados em blockchain.
O futuro da economia digital no Brasil
Não faz muito tempo em que observamos dois cenários típicos do mercado financeiro brasileiro:
- Havia poucas opções de investimentos, sendo que a maioria dos brasileiros aplicava seu dinheiro apenas na poupança;
- As instituições financeiras existentes operam em um sistema altamente burocrático.
Esses dois cenários eram comuns e limitavam as escolhas dos brasileiros em relação a como investir e gerenciar seu dinheiro. No entanto, é importante ressaltar que o cenário do mercado financeiro brasileiro tem passado por mudanças significativas nos últimos anos, impulsionadas pela digitalização, pela inovação tecnológica e por regulamentações favoráveis.
O surgimento de fintechs, a modernização das instituições financeiras tradicionais e o aumento das opções de investimento têm contribuído para uma maior democratização e acessibilidade dos serviços financeiros no país. Essas tendências estão ajudando a romper com a predominância da poupança como única opção de investimento e a simplificar os processos burocráticos associados aos serviços financeiros, tornando-os mais acessíveis e eficientes para os brasileiros.
Nesta toada, o PIX, um sistema de pagamento instantâneo, foi lançado no final de 2020. O objetivo do Banco Central do Brasil com o surgimento do PIX foi modernizar o sistema financeiro do país, oferecendo uma alternativa rápida, segura e conveniente para realizar transferências de fundos entre contas bancárias.
O sistema tem sido amplamente adotado desde o seu lançamento e continua a evoluir com o tempo, incorporando novas funcionalidades e aprimoramentos para atender às necessidades dos usuários e do mercado. O mesmo é esperado agora com o Drex.
O projeto piloto Drex permitirá ao BCB avaliar o funcionamento da CBDC em um ambiente controlado, identificar possíveis melhorias e ajustes necessários e preparar-se para uma possível implantação completa no futuro. Assim, o Drex representa um passo importante na modernização do sistema financeiro brasileiro e na preparação para os desafios e oportunidades da economia digital.
No entanto, desafios como a inclusão digital, questões de segurança cibernética, regulação adequada e infraestrutura tecnológica ainda são tópicos que precisam ser abordados para impulsionar ainda mais o crescimento da economia digital no Brasil.