Product Discovery: um guia para escalar produtos

 Como escalar um produto ou serviço de sua empresa? Escalar, aqui, demanda dar alguns passos importantes para fazer com que os esforços de seu time sejam recompensados e os resultados de sua organização atingidos. Por essa razão, é preciso ter muita atenção no processo de Product Discovery, uma vez que é nele que estão algumas das principais bases de um produto que realmente satisfaça um cliente.

Mas existem produtos muito elaborados pelas empresas que não dizem a que vieram? Infelizmente, para alguns clientes e usuário, sim. Um levantamento do 280Group, de 2015, mostrou que quase 21% dos 900 entrevistados afirmavam que os produtos entregues a eles não atendiam às necessidades.

Isso já complica a experiência do cliente, fator de muita importância na decisão de compra, como revela uma pesquisa da PwC. De acordo com o estudo, “uma boa experiência do cliente faz com que os consumidores se sintam ouvidos, vistos e apreciados. Tem um impacto tangível que pode ser medido em dólares e centavos.”

O levantamento mostra que:

  •  73% de todas as pessoas apontam a experiência do cliente como um fator importante em suas decisões de compra;
  • Porém, 49% dos consumidores dos EUA dizem que as empresas oferecem uma boa experiência ao cliente hoje.

Se sua empresa quer oferecer um produto de qualidade, que atenda às reais necessidades dos clientes e, assim, crie uma excelente experiência que culmine na adoção dele, então é preciso descobrir ou redescobrir alguns aspectos cruciais do Product Discovery.

 Quais os benefícios do Product Discovery?

Segundo nosso CEO, Phelipe Buratto, entre os benefícios do Product Discovery, talvez um dos principais seja identificar e compreender as reais necessidades dos clientes. Phelipe destaca que é por meio dessa descoberta que a empresa ou organização terá maiores e melhores condições e bases para criar um produto realmente eficiente e útil ou ajustar da melhor maneira um produto ou serviço já lançado. 

“Com essa proximidade do cliente e o conhecimento aprofundado sobre o que ele quer, o Product Discovery ajuda a empresa a reduzir custos e riscos na elaboração de um produto”, frisa.

Você deve estar se perguntando: mas como isso acontece?

Simples, dessa maneira, de acordo com o executivo , há uma visão de produto bem definida, bem como uma validação mais próxima ao cliente e do próprio mercado. Com isso, as chances de uma solução ser lançada sem condições de, realmente, atender a uma necessidade diminuem.

Pensando a partir da compreensão da necessidade do cliente, o produto irá proporcionar uma melhor experiência do usuário e um grau mais elevado de satisfação.

“Internamente, essa compreensão auxilia a criar e manter um alinhamento das equipes e um ambiente de colaboração – uma vez que todos passam a trabalhar “para resolver um problema do cliente” e não para buscar mais valorização para a própria área (ou seja, quebrar silos e feudos)”, explica Phelipe. 

Outro benefício decorre da análise de mercado que faz parte do Product Discovery. Esse processo de avaliar a concorrência e possíveis lacunas em termos de opções de produtos contribui para mapear possíveis setores ou mercados a serem abordados.

Qual o passo a passo do Product Discovery?

A caminhada ou o passo a passo do Product Discovery pode ser diferente em função da empresa e do tipo de produto que ela pretende lançar.

Porém, alguns pontos nesta jornada são comuns segundo a análise do nosso CEO. :

Defina o objetivo

Para que se chegue a um lugar, meta ou objetivo, é importante que se saiba qual é esse lugar, meta ou objetivo. Caso contrário, fica-se como a personagem Alice, em Alice no país das Maravilhas, quando ouve do Gato Risonho que para aquele que não sabe para onde quer ir qualquer caminho serve.

Na verdade, no jogo de mercado, isso não se aplica. Assim, é importante definir o objetivo do projeto. Isso envolve muitas coisas como: identificar uma oportunidade de mercado, melhorar um produto existente ou criar um produto.

Identifique as necessidades dos usuários

Depois, é chegada a hora de entender as necessidades dos usuários. Aqui, é preciso ser obcecado por conhecer tudo ou quase tudo sobre ele, desde a dor que ele precisa sanar até como ele se comporta no processo de compra de um produto. Pesquisas de mercado, entrevistas com usuários, análise de concorrentes são alguns exemplos de como conseguir isso.

Crie personas

Provavelmente, esse termo já deve ter chegado em sua empresa. Para facilitar a compreensão de quem é o cliente, uma das saídas é criar uma persona ou mais de uma. Elas são personagens fictícios que trazem ou refletem o perfil do cliente e de usuários.

Com um processo bem elaborado e executado no passo anterior, fica mais fácil criar as personas, que serão usadas como referência “concreta” para as equipes durante o processo de elaboração e lançamento do produto. Essas personas ajudam a entender melhor suas necessidades, comportamentos e preferências.

Defina o problema a ser resolvido

Tendo conhecidas as necessidades dos usuários e criadas as personas, passa-se para o passo seguinte: definir o problema a ser resolvido com o produto.

Gere ideias

Com o problema definido, as equipes envolvidas já podem começar a gerar ideias para solucioná-lo. Sessões de brainstorming ou de ideação são alguns exemplos.

Crie protótipos

Depois do processo de geração de ideias, a etapa seguinte é o que fazer com elas. A resposta a isso é simples: as equipes podem criar protótipos de diferentes soluções. Isso pode incluir protótipos de baixa fidelidade, como desenhos ou modelos simples, ou protótipos de alta fidelidade, como modelos interativos.

Teste com os usuários

Protótipos criados, agora é o momento de testá-los. De preferência com usuários reais (vale lembrar que os usuários fictícios, em forma de personas, já foram usados até aqui). E como fazer esses testes? Para fazer essa “prova de fogo”, uma opção é criar grupos focais ou usar outras técnicas de pesquisa de usuário.

Refine e itere

A partir dos resultados dos testes com usuários, as equipes de desenvolvimento podem e devem refinar e iterar as soluções criadas até chegar a um MVP (Minimum Viable Product) que atenda às necessidades dos usuários e seja viável no mercado.

Lance o produto

Com o entendimento sobre o cliente e suas necessidades. Com a criação de personas para ajudar a materializar esse cliente ou usuários. Com a criação de protótipos e sua testagem junto a usuários reais e o recebimento de feedbacks para ajustes (e tendo os ajustes feitos), está na hora de lançar o produto. Aqui, ainda com base na visão de produto, são pensadas as melhores estratégias de go-to-market, bem como os canais e maneiras que a empresa vai continuar a receber e coletar feedback dos usuários para melhorias futuras.

Quais os fundamentos do Product Discovery? 

Na visão de Phelipe Burrato, alguns fundamentos são muito importantes para garantir que o processo de Product Discovery seja bem-sucedido.

Aqui estão alguns:

 Entender as necessidades dos usuários

É sempre importante frisar que o Product Discovery é um processo centrado no usuário e baseado em entender suas necessidades e desejos. Isso requer a coleta de feedback dos usuários por meio de pesquisas, entrevistas e outras técnicas.

Colaboração entre equipes

O processo de Product Discovery envolve a colaboração entre equipes de diferentes áreas, como design, engenharia, marketing, vendas, UX, CS entre outras. Isso ajuda a garantir que todas as perspectivas sejam consideradas (a partir da visão de produto e com a ajuda de personas) e que o produto final seja útil e eficaz.

Testes de ideias feitos rapidamente

O Product Discovery também conta com a criação de protótipos e a realização de testes com usuários para validar as ideias da forma mais rápida possível. Isso ajuda a reduzir riscos e evitar investir tempo e recursos em ideias que não atendem às necessidades dos usuários.

Iteração contínua

O processo de Product Discovery é iterativo. Isso quer dizer que as equipes trabalham continuamente para aprimorar e melhorar o produto a partir dos feedbacks dos usuários. Isso contribui enormemente para garantir que o produto final atenda às necessidades do mercado.

Flexibilidade

O Product Discovery demanda flexibilidade para se adaptar às mudanças no mercado e às necessidades dos usuários. As equipes devem estar dispostas a ajustar suas abordagens e ideias à medida que aprendem mais sobre os usuários e o mercado.

Quais são os erros e exceções que devemos atentar quando o assunto é Product Discovery?

“Um dos erros mais comuns que algumas empresas ou equipes cometem e que merecem atenção redobrada está, obviamente, ligado ao cliente e usuários. E não apenas em relação ao fato de não haver aquele aprofundamento, aquela curiosidade e obsessão em saber qual é a necessidade deles, mas em não os envolver de forma satisfatória no processo de Product Discovery”, salienta nosso executivo.

Outro problema está ligado a uma confusão que parece muito comum: dar mais atenção e foco para a solução e não para o problema. “Sem saber o que é preciso vencer, o que é preciso sanar de forma clara, toda e qualquer solução será inútil. O foco, antes de colocar a solução ou produto para serem feitos, é no problema”, esclarece.

E também de nada adianta focar o problema e buscar ideias para resolvê-lo se esses insights não forem testados e validados. “Trata-se de uma ação mais do que necessária que muitas empresas podem acabar deixando de lado na expectativa de levar o produto final para os usuários o mais rapidamente possível”, ressalta Phelipe.

Dessa forma, acrescenta ele, existe a probabilidade de o produto não estar em conformidade com o que o cliente necessita. A empresa tem de ser rápida e ágil antes: fazendo com que o cliente já vá testando as ideias.

A falta de colaboração é outro ponto que merece atenção. Todas as equipes devem estar alinhadas pela necessidade do cliente – o que embasa a visão do produto. E todos os esforços devem ser canalizados para isso e de forma colaborativa.

“Se em uma empresa houver as chamadas “panelinhas” ou uma competição interna e predatória entre departamentos, nada feito. O produto será pensado e elaborado a partir de interesses de grupos, capazes de apenas atrair mais atenção a uma ou outra área”, frisa.

Para nosso CEO, é preciso lembrar sempre que o processo de product discovery é iterativo e contínuo. Se as equipes não estiverem dispostas a iterar e refinar continuamente o produto com base no feedback dos usuários, é provável que o produto final pode não atender às necessidades do mercado.

Finalmente, há um aspecto que deve sempre estar na mente dos times de Product Discovery. Imagine ter de criar uma solução em duas semanas quando o normal e desejado (já levando em conta o menor prazo possível) são dois meses.

“Até pode ser entregue uma solução, mas com a qualidade diretamente proporcional ao tempo gasto para ser feita em relação ao tempo regulamentar”, reforça Phelipe.

 A mesma linha de pensamento perpassa a questão orçamentária. Se um produto está estimado em X milhões de dólares, realizar o mesmo produto por muito menos do que esse valor pode, na melhor das hipóteses, ter uma qualidade bem inferior. Isso pensando que ele seja útil em alguma coisa para o cliente, pois as chances de servir para nada são enormes.

“Ou seja, o processo de Product Discovery deve levar em consideração as restrições do negócio, como orçamento e prazo. Ignorar essas restrições pode levar a um produto que não é viável no mercado”, finaliza.

Como vimos aqui neste artigo, a jornada do Product Discovery é um processo de descobertas, pesquisas e validações de ideias para que uma empresa crie novos produtos ou promova melhorias em produtos já existentes.

Trata-se de uma etapa crítica do processo de desenvolvimento de produtos. Isso porque permite às empresas a identificação das reais necessidades e desejos dos clientes, além de encontrar oportunidades de mercado para inovar.

Quer ficar ainda mais alinhado às práticas de produto do mercado? Que tal então dar uma olhadinha no nosso Guia de Growth Product Management?