Fine-tuning nas redes neurais: o que é e como funciona?

Os grandes modelos de linguagem (LLMs) estão avançando rapidamente e atraindo grande interesse na indústria de IA generativa. Estes modelos, treinados em vastos conjuntos de dados, demonstram uma capacidade impressionante de capturar padrões complexos e resolver uma variedade de tarefas. Mas qual é o melhor método para treiná-los? Que tal o fine-tuning? 

O fine-tuning ou ajuste fino, é uma técnica que permite adaptar modelos pré-treinados para atender a requisitos específicos, economizando tempo e recursos computacionais. Este artigo abordará o que é o processo de ajuste fino, benefícios e como implementá-lo. Confira! 

O que é Fine-tuning?

O fine-tuning (ajuste fino) é uma técnica usada em machine learning, que envolve a adaptação para novas tarefas. O objetivo é otimizar o desempenho do modelo em uma nova tarefa relacionada sem iniciar o treinamento do zero.

No contexto de grandes modelos de linguagem (LLMs), o ajuste fino adapta um modelo pré-treinado, como o ChatGPT, por exemplo, para uma tarefa ou domínio específico. Digamos que você queira treiná-lo para produção de textos com uma pegada humorística, é possível fazê-lo por meio da abordagem do fine-tuning. 

Portanto, o ajuste fino permite que o modelo aprenda com dados específicos do domínio, tornando-o mais preciso e eficaz para aplicações específicas. Ao expor o modelo a exemplos específicos de tarefas durante o ajuste fino, ele adquire uma compreensão mais profunda das nuances do domínio, preenchendo a lacuna entre um modelo de uso geral e um modelo especializado.

Diferença entre fine-tuning e treinamento do zero

Contrapor a abordagem do fine-tuning com um treinamento do zero, a grosso modo, é comparar um tech lead com um estagiário tech. Por quê? Elencamos abaixo algumas das principais diferenças entre ambos os modelos: 

Treinamento do zero

  • O treinamento do modelo do zero significa que não há qualquer conhecimento prévio ou parâmetros aprendidos previamente para construí-lo;
  • Requer uma quantidade muito grande de dados para aprender de forma eficaz, pois o modelo precisa construir seu entendimento a partir do zero;
  • É um processo intensivo em termos de tempo e recursos computacionais, pois o modelo precisa passar por muitas iterações de treinamento para convergir.

Fine-tuning

  • O ajuste fino envolve começar com um modelo pré-treinado, com uma série de dados, e refinar-lo com um conjunto de dados específico para uma nova tarefa;
  • Requer uma quantidade menor de dados em comparação com o treinamento do zero, pois o modelo já tem um entendimento prévio adquirido durante o pré-treinamento;
  • É menos intensivo em termos de tempo e recursos computacionais, uma vez que o modelo já tem uma boa base e só precisa ser ajustado para a nova tarefa.

Benefícios de adotar o fine-tuning 

O fine-tuning oferece uma abordagem eficiente e prática para adaptar modelos pré-treinados a novas tarefas, economizando tempo e recursos, enquanto melhora o desempenho e a eficiência de dados. Quer ver só?

Digamos que você trabalhe na indústria automotiva e precisa treinar um software de reconhecimento automotivo para reconhecer algumas características de caminhões. Este modelo já treinado aprendeu a compreender bordas, formas e texturas e, de forma mais objetiva, faróis, maçanetas, pára-brisas e pneus automotivos.

Você vai preferir gastar tempo e começar o treinamento do software do zero ou pegar aquele que você já sabe que funciona em carros e imputar novos atributos de caminhões?  

Treinar um modelo de aprendizado profundo do zero pode ser extremamente demorado e caro do ponto de vista computacional. O ajuste fino, por outro lado, reduz significativamente o tempo e os recursos necessários para alcançar bons resultados. Veja essas e outras vantagens de adotar o fine-tuning

Economia de Tempo e Recursos

Treinar um modelo do zero é demorado e requer muitos recursos computacionais. O fine-tuning permite pular os estágios iniciais de treinamento, economizando tempo. Além do mais, ajustar um modelo pré-treinado requer menos poder de processamento em comparação com o treinamento do zero.

Melhor Desempenho

Modelos pré-treinados em grandes quantidades de dados já capturam muitos recursos e padrões valiosos. Ajustando esses modelos, podemos melhorar o desempenho em tarefas específicas.

Eficiência de dados

A obtenção de grandes quantidades de dados rotulados pode ser difícil e demorada. O fine-tuning permite treinar modelos eficazmente, mesmo com dados rotulados limitados.

Começar com um modelo pré-treinado permite utilizar melhor os dados rotulados disponíveis para obter bons resultados com menos esforço.

Redução da complexidade de design

Utilizar uma rede neural já projetada e treinada elimina a necessidade de desenvolver uma nova arquitetura do zero. Portanto, o ajuste fino evita o processo demorado de tentativa e erro para determinar a melhor configuração do modelo.

Adaptação a novos contextos

Embora o modelo precise aprender algumas novas informações específicas da nova tarefa, ele já possui uma base sólida de conhecimentos gerais que podem ser aplicados, o que facilita para se adaptar a contextos distintos.

Como funciona um fine-tuning?

Agora que você tem uma compreensão abrangente do que é o fine tuning, por que ele é usado, que tal entender como ele pode ser feito? 

O processo de fine-tuning de um modelo pré-treinado para um caso de uso específico envolve várias etapas e práticas essenciais para garantir resultados otimizados. Aqui está um guia passo a passo:

1.Preparação de dados

A preparação de dados é crucial para o sucesso do fine-tuning e envolve a curadoria e o  pré-processamento de dados que, na prática, correspondem a limpeza de dados, tratamento de valores ausentes e formatação adequada para atender aos requisitos do modelo.

Uma preparação adequada dos dados garante que o modelo possa aprender e generalizar de forma eficaz, melhorando o desempenho na tarefa específica.

2. Escolha do modelo pré-treinado

Escolher o modelo correto facilita o processo de fine-tuning e maximiza a eficácia do modelo para a aplicação pretendida.

3. Identificação dos Parâmetros de Fine-Tuning

Configurar corretamente os parâmetros de fine-tuning é vital. Essa abordagem equilibra o aproveitamento do conhecimento pré-existente e a adaptação à nova tarefa.

4. Validação

Usar um conjunto de validação para monitorar métricas como exatidão, perda, precisão e recall, é fundamental para avaliar o desempenho do modelo ajustado.

Avaliar essas métricas ajuda a identificar possíveis áreas de melhoria e refinar os parâmetros de ajuste fino e a arquitetura do modelo.

5. Iteração do Modelo

A iteração permite refinar o modelo com base nos resultados da avaliação. Neste passo, é possível ajustar a taxa de aprendizagem, tamanho do lote e extensão do congelamento da camada, por exemplo.

6. Implantação do Modelo

A implantação do modelo envolve a transição do desenvolvimento para a aplicação prática. Mas o que isso significa? 

Nesta fase, é preciso garantir que o ambiente de implantação [hardware e software] atenda aos requisitos do modelo e que o projeto preveja também requisitos de integração, escalabilidade e segurança

Portanto, o fine-tuning representa uma revolução no desenvolvimento de modelos de aprendizado profundo, oferecendo uma abordagem eficiente e eficaz para adaptar modelos pré-treinados a tarefas específicas. Ao explorar os benefícios desta técnica, como a economia de tempo e recursos, a melhoria no desempenho e a eficiência de dados, é evidente que o fine-tuning é uma ferramenta poderosa para profissionais de machine learning.

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